sábado, 22 de maio de 2010
CÍRIO DE NAZARÉ
A devoção à Nossa Senhora de Nazaré (imagem acima) se iniciou em Portugal. A imagem original da Virgem pertencia a um Mosteiro na Espanha, o Mosteiro de Caulina. Diz-se que teria sido esculpida por São José e saiu da cidade de Nazaré, em Israel, no ano 361. Devido a uma batalha a imagem foi levada para Portugal, onde ficou escondia no Pico de São Bartolomeu por longo tempo. A imagem somente foi encontrada em 1119, na região de Nazaré, na Estremadura. Tal notícia se espalhou e as pessoas começaram a venerar a Santa. Desde então, muitos milagres têm sido atribuídos a ela. Aproximadamente, em 1182, o cavaleiro Dom Fuas Roupinho mandou erigir a Capela da Memória, em agradecimento por ter sido milagrosamente salvo de um acidente faltal, quando perseguia uma cervo, montado a cavalo (Lenda da Nazaré). Em 1377 o rei Dom Fernando (1367-1383) fundou um templo maior, o Santuário de Nossa Senhora de Nazaré. E, desde então, no dia 8 de setembro, anualmente, os portugueses celebram e reverenciam Nossa Senhora de Nazaré.
Etimologicamente, o termo "Círio" é originário do latim "cereus", de cera, que significa vela grande de cera.
No Brasil esta devoção data de 1700, quando Plácido José de Souza, um caboclo, agricultor e caçador, filho de português com uma índia nativa, que tinha uma casa na estrada do Maranhão, hoje Bairro de Nazaré. Num certo dia de outubro de 1700, ao sair para caçar, depois de caminhar pela mata, parou para beber água no igarapé Murutucú. Ao levantar a cabaça,viu uma pequena imagem de Nossa Senhora entre as pedras cheias de lodo de Nazaré. Era uma réplica da imagem da Senhora de Nazaré venerada em Portugal. Ele a levou para sua choupana e no dia seguinte ela não estava mais lá. Voltando ao lugar onde a havia encontrado, ela estava lá novamente. O fato se repetiu várias vezes até que a imagem foi enviada para o Palácio do Governo, por ordem do governador, quando ele soube dos poderes miraculosos e dos "sumiços" da Santa. Lá ela ficou sob intensa vigilância, porém, no dia seguinte, a imagem não estava mais lá, mas às marges do igarapé. O povo concluiu que ela queria ficar lá e, no local onde Plácido encontrou a "Santinha", construíram uma ermida, hoje está a Basílica Santuário. A Basílica de Nossa Senhora de Nazaré foi construída entre 1909 e 1937. Com o passar do tempo, os milagres foram aumentando, o que levara mais pessoas para o lugarejo, atém que a imagem acabou indo para Belém.
Em 1792 o Vaticano autorizou a realização de uma procissão em homenagem à Virgem de Nazaré, em Belém. E, no dia 8 de setembro de 1793 foi realizado o primeiro Círio de Nazaré no Brasil, organizado pelo presidente da Província do Pará (governador do Grã-Pará e Rio Negro), o capitão-mor Dom Francisco de Souza Coutinho. Inicialmente, não havia uma data fixa para que o Círio ocorresse, poderia ser nos meses de setembro, outubro ou novembro, porém, a partir de 1901, por determinação do bispo Dom Francisco do Rêgo Maia, a procissão passou a ser realizada sempre no segundo domingo de outubro, conforme ocorre até os dias atuais.
Inicialmente o Círio saía da capela do Palácio do Governo, porém, em 1882 o bispo Dom Macedo Costa e o governador da Província, Dr. Justino Carneiro, concluíram que ele deveria sair da Catedral da Sé. Assim, de acordo com a tradição, a imagem é levada da Catedral de Belém até a Praça Santuário de Nazaré, onde se encontra a Basílica. O percurso é de 3,6 km e, em 2004, foi percorrido em 9 horas e 15 minutos. Esta edição é considerada o mais longo Círio de toda a história. Ao longo dos anos muitas adaptações aconteceram e, uma delas ocorreu em 1853, quando, devido a uma forte chuva, a procissão que era à tarde e se prolongava pela noite (daí o uso das velas), passou a ser realizada de manhã. Quando a imagem chega à Basílica, fica exposta para veneração dos fiéis, durante 15 dias.
Além da procissão do segundo domingo de outubro, o Círio reune muitas outras manifestações de devoção, como transporte de carros, trasladação, romaria rodoviária e fluvial, moto-romaria e diversas outras peregrinações e romarias que ocorrem na quadra Nazarena.
Os símbolos do Círio de Nazaré são a Berlinda (que transporta a Santa), a Corda (que sustenta a fé), o Manto (que muda a cada Círio, cercado de mistiscimo e relata partes do Evangelho), as Velas ou Círios (feitos de cera, de vários formatos, retratando partes do corpo humano ou da mesma altura do pagador da promessa), os Carros de Promessa ou dos Milagres (que recolhem ex-votos ilustrativos das graças alcançadas), as Crianças (vestidas de Anjos), os Fogos de Artifício (em homenagem à festa), as Novenas (ciclos de oração feitos nos dias anteriores à festividade), os Cartazes (que anunciam a festa), o Almoço em Família (ato de comunhão), o Arraial no largo de Nazaré (em frente à Basílica) e os Brinquedos de Miriti. (fibra leve da palmeira, também conhecida como Buriti, chamada de isopor da Amazônia, que representa a sensibilidade e ingenuidade do universo ribeirinho).
Hoje, o Círio de Nazaré, realizado em Belém do Pará, é uma das maiores e mais lindas procissões católicas do Brasil e do mundo. Normalmente, reúne cerca de 2 milhões de romeiros, numa só manhã, numa caminhada de fé, em homenagem à Virgem Maria, Mãe de Jesus Cristo. São fiéis de toda parte do Brasil e do mundo. Vários enfeitam suas casas e as ruas. Graças à sua grandiosidade, em setembro de 2004, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) registrou o Círio de Belém como Patrimônio Cultural de Natureza Imaterial.
Fontes para pesquisa: www.ciriodenazare.com.br
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